Manuel Vicente - o arquitecto trota-mundos

Um vento gelado vindo do oceano andava por Lisboa quando recebi a notícia do seu próprio telemóvel, como se ele se desse ao trabalho de convocar uma última vez todos os que gostava. A cidade, ora iluminada, ora carregada de cinza, pôs-se triste neste dia. Todos os sinos que repicaram nas várias igrejas, ocorreu-me, o cantavam, um dos seus mais ilustres cidadãos, aqui viveu, amou e a honrou. Um dos seus mais apaixonados filhos. Lisboa encolheu-se com a perda mas Manuel Vicente não o toleraria, mandaria vir canções e bailarinas, não parassem as gruas. Mandaria cancelar este vento gelado e a promessa de chuva. Em vez disso uma garrafa de vinho. "Tragam-me os meus amigos e os meus filhos! Onde estão os meus amigos neste céu por cima de Lisboa?"

(O manuscrito da sua biografia estava a ser lido. Em breve esperamos estar à luz do dia)

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